Esquecem-me os dias robóticos de gestos mecânicos
Onde o cansaço finta o querer o prazer
Apagam-se da memória os momentos sincopados
Enfadonhos medonhos de repetição
Em que só pela sobrevivência
Se enlaça se salva a fulcral ligação
Cada passo é preciso conciso e o corpo sintoniza o
programa
Avançando em mais do mesmo desalmada encenação!
Nem mistério nem descoberta nem desafio
Nem entusiasmo nem brio
Estou num palco antigo bolorento
E nem luz num só postigo
Não há atores!
Foram todos em digressão forçada
Com a trouxa às costas com diplomas assinados
Em dolorosa excomungação
Deixando um espaço sombrio sem poderio
Estou triste!
Não sei se sou eu que invento estes guiões que fantasio
Ou se há em mim um centro que resiste
Que se rebela que persiste a este abatimento
Feito de friezas superficialidades e delicadezas
Ou se criamos caricaturas de asnos praticando
proezas
Fadas do bosque e super-homens
E fazemos uma miscelânea com os ingredientes da tragédia
grega
Onde o político corrupto é rei
O ladrão multimilionário escarra na grei
E não há ninguém com nome de gente
Que desmascare o enredo apodrecido putrefato
E num golpe preciso consciencialize o vilão
Que o comum dos mortais na terra
Está saturado de salsadas ciladas acabrunhadas
Indigestas aguçadas vaidades cegas
Egos de vermes de cabeças intoxicadas!
Estou triste!
Ainda bem que a solidão me acompanha!
Logo mais vamos tomar um chá juntas
Em silêncio porque mantenho-me farta de palradores
Que me atonizam a mente invadindo-me os ouvidos
E mexem com a minha sensibilidade e inteligência
E não quero sementes de criaturas famintas de
tagarelice
Na minha vida na minha sagrada impertinência!
Abençoada impertinência,que nos dá a semente das palavras.
ResponderEliminarGostei!