Há um rio de caudal largo e profundo
Onde a limpidez das águas adquire
A tonalidade dos rochedos que beijam as margens
Igual a muitos rios que irrigam as terras
E tornam verdejante o que é árido entre folhagens
Os olhos que me guiam procuram uma forma de atravessar
Porque é imperioso nestes tempos abissais de
insanidade
Ter a coragem de arriscar combater defender e mudar
A embarcação espera e decide quem fica e quem parte
Quem permanece prisioneiro do medo do medonho
E quem quer visionar uma nova cidade humana
Entre quem se mantém pelos erros sucessivos
Das rotinas do nada fazer e os que sendo altruístas
Decidem-se também por empreender
Entre quem se esconde atrás dos rótulos dos
estatutos
Da ganância preguiçosa dos corruptos
E quem apenas ambiciona celebrar a dádiva da vida
Ao ritmo de uma dança bela meiga colorida
As mãos prolongamento do meu corpo invólucro
Agarram o corrimão do barco salvador
É para a outra margem que quero mudar
Os meus dedos ficarão em contacto com os nutrientes
da terra
E plantarão as sementes da sensatez da tolerância
Porque a vida humana é junção e não distância
É presença cuidado e não ausência
É quente
abraço aconchegante regaço
É beijo carinho riqueza maternal
E não vibração patológica destruidora do ninho
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